Candidatos do MDB a deputado estadual intensificaram, nos últimos dias, a cobrança para que a direção do partido encaminhe recursos para suas respectivas campanhas. Até agora, nenhum dos 24 candidatos recebeu verbas do fundo eleitoral. Por causa disso, alguns postulantes ameaçam até desistir da disputa.
O principal preocupado com a situação é o candidato Adjuto Dias, tido como o puxador de votos do grupo. Filho do prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB), Adjuto precisa reunir cerca de 75 mil votos para ser eleito.
Em 2018, o deputado estadual mais votado no RN foi Ezequiel Ferreira (PSDB), com 58 mil votos. Ou seja, mesmo que Adjuto Dias repetisse o desempenho de Ezequiel em 2022, precisaria de pelo menos 17 mil votos dos companheiros de partido para conquistar uma vaga na Assembleia Legislativa. Caso candidatos do MDB desistam da disputa, as chances de Adjuto ficam reduzidas.
O prefeito Álvaro Dias recorreu ao presidente estadual do MDB, Walter Alves, para tentar resolver o impasse. O emedebista respondeu que a prioridade da legenda em todo o País é ter boas votações e eleger deputados federais. É isso que efetivamente dá ao partido mais recursos dos fundos partidário e eleitoral e tempo na propaganda eleitoral no rádio e na TV.
Diante da dificuldade, o prefeito de Natal ameaçou, durante o desfile cívico-militar do 7 de setembro, abandonar a neutralidade na disputa para o Governo do Estado e declarar apoio a algum candidato.
A fala foi interpretada como uma ameaça de declaração de voto a Fábio Dantas (Solidariedade), que está na chapa adversária do MDB – Walter Alves é candidato a vice-governador na chapa de reeleição da governadora Fátima Bezerra (PT).
Foi apurado nesta sexta-feira (9) que Walter Alves pediu à direção nacional do MDB mais recursos para a campanha eleitoral. Se o dinheiro chegar, a intenção do presidente do partido é distribuir com os candidatos a deputado estadual.
Emedebistas afirmam, no entanto, que entendem que a cobrança de Álvaro Dias é injusta. Citam que outros partidos também têm priorizado a eleição de deputado federal e afirmam que o prefeito teve toda a autonomia da legenda, mesmo sendo do PSDB, para montar a nominata de deputado estadual para dar suporte à candidatura do seu filho Adjuto Dias. Apoiar agora um adversário para o Governo do Estado seria considerado – reforçam os emedebistas – uma traição.
96FM