Com o retorno da cobrança de dois tributos federais (PIS/Cofins e Cide) a gasolina e o etanol começaram a ser vendidos mais caros para os postos de gasolina de Natal nesta quinta-feira (29). A informação foi confirmada pelo presidente do Sindispostos-RN, Maxwell Flor. “Para se ter uma ideia, minha distribuidora aumentou o valor da gasolina para R$ 0,40”, disse. Na tarde desta quinta-feira (29), a TRIBUNA DO NORTE percorreu alguns bairros das zonas Leste e Sul da capital e encontrou, nas bombas, preços que variavam de RS 5,69 a R$ 5,79. Entre os dias 18 e 24 deste mês, o preço médio na cidade era de R$ 5,77, o mais alto entre as capitais do Nordeste.
O retorno dos dois impostos é direcionado à gasolina, ao etanol e ao Gás Natural Veicular (GNV). De acordo com a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), o impacto da aquisição para os postos seria de de R$ 0,33 para a gasolina, de R$ 0,22 para o etanol e de 9,25% para o GNV.
Para o consumidor, ainda não se notou impacto. Em um posto localizado às margens da BR 101, na zona Sul de Natal, a gasolina comum era vendida a R$ 5,79 na tarde de ontem, mesmo valor do dia anterior, a exemplo da maioria dos outros locais pelos quais a reportagem passou. Mas a gerência do posto informou que já havia comprado o combustível mais caro da distribuidora, com aumento de R$ 0,40. Até esta sexta-feira (30) os novos preços devem chegar ao consumidor, segundo a gerência, que não quis informar quanto será cobrado a partir de agora. A alta, a segunda no mês após o aumento relacionado à cobrança do ICMS, desagradou os motoristas, que já pensam em como se organizar para arcar com mais custos.
“Todos os dias eu coloco R$ 20, dependendo da demanda e dá para rodar normalmente Agora, não vai dar mais. Vou ter que colocar de R$ 35 a R$ 40 por dia”, afirma o entregador Jussiê Lopes, de 48 anos. Já o motorista por aplicativo Amurabe Fernandes, de 35 anos, estima que terá que desembolsar R$ 500 a mais por mês, por causa dos novos aumentos. “Pesa bastante. Esses aumentos vêm só para prejudicar o consumidor. Os custos para quem trabalha com o carro, como eu, aumentam. Para complicar, nossa gasolina já é bastante cara”, reclama.
O valor do combustível no RN, um dos mais altos do Brasil, segundo a ANP, também foi citado pela advogada Kathlyn Nunes como fator que preocupa quando o assunto é mais um aumento. “Estive recentemente fora do estado e vi uma prática de preços mais lógica do que a daqui, na faixa de R$ 5,15, R$ 5,20. No Rio Grande do Norte, nós temos uma refinaria, então não tem lógica os nossos preços. E com esse novo aumento, a situação vai ficar ainda mais complicada”, fala.
De acordo com o mais recente levantamento de preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), correspondente ao período de 18 a 24 de junho, Natal apresentava a gasolina mais cara entre as capitais do Nordeste, com preço médio de R$ 5,77. Esse valor coloca a cidade em quarto lugar entre as capitais com o preço médio da gasolina mais elevado do País, ficando somente atrás de Manaus (R$ 5,98), Rio Branco (R$ 5,97) e Porto Velho (R$ 5,98), todas as três localizadas na Região Norte.
Analisando apenas o recorte no Nordeste, o valor registrado em Natal é 24 centavos maior do que aquele verificado na segunda capital com o preço mais caro, Aracaju (R$ 5,53). As demais capitais nordestinas registraram os seguintes valores médios: Recife (R$ 5,41), Teresina (R$ 5,34), Maceió (R$ 5,21), Fortaleza (R$ 5,19), Salvador (R$ 5,15), João Pessoa (R$ 5,05) e São Luís (R$ 4,97).
O Procon-RN e o Procon Natal afirmaram à reportagem que irão seguir acompanhando os valores dos combustíveis na capital potiguar. No início deste mês, seis postos foram autuados em Natal, após reajuste elevado de preços, no momento em que passou a vigorar o novo modelo de cobrança do ICMS. O aumento, que à época deveria ser de R$ 0,03, chegou a R$ 0,74. O Procon-RN informou que, desde então, nenhuma nova autuação foi realizada. Na próxima semana, o órgão deverá fazer novas fiscalizações em razão do retorno dos impostos federais.
Tribuna do Norte