A gasolina vendida na Refinaria potiguar Clara Camarão, administrada pela 3R Petroleum, está R$ 0,73 mais cara do que o preço praticado no estado vizinho da Paraíba. Essa diferença ocorreu após o recente reajuste por parte da 3R, que vende o litro do combustível às distribuidoras por R$ 3,43, enquanto que a refinaria da Petrobras, em Cabedelo, comercializa o produto por R$ 2,70. Esse é um dos fatores apontados como justificativa para os potiguares pagarem por uma das gasolinas mais caras do Brasil, segundo último levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil (ANP).
De acordo com o último levantamento, feito entre os dias 07 e 13 de abril, a gasolina comum no Estado registrou preço médio por litro nas bombas de R$ 6,07, ficando no ranking dos cinco mais caros do Brasil, ao lado de Acre (R$ 6,84), Rondônia, e Amazonas (R$ 6,34) Roraima (R$ 6,15) e igual a Sergipe. Além disso, o RN também registrou preço médio por litro da gasolina aditivada a R$ 6,17 (6ª mais cara do Brasil e mais cara do Nordeste) e a R$ 4,90 (2º mais caro do Brasil).
Na semana passada, a 3R Petroleum aumentou o preço da gasolina e do diesel comercializados na refinaria, aumentando oito centavos. Com isso, o litro passou a custar R$ 3,436. Já o Diesel A S500 teve um acréscimo de seis centavos, ficando em R$ 3,497.O especialista e economista Ricardo Valério, aponta que o fato da refinaria Clara Camarão ser privatizada explica a “carestia” dos preços no estado em relação aos vizinhos. “O único fator é a empresa privada que tem a liberdade de mercado para praticar o preço de sua conveniência para segurar a margem de lucro desejada. Hoje em dia, somente isso, é que é responsável pela carestia no RN”, afirma.
Segundo o presidente do Sindicato dos Revendedores de Postos de Combustíveis do Rio Grande do Norte (Sindipostos-RN), Maxwell Flor, ainda não é possível afirmar se os preços já foram repassados para os clientes com os últimos reajustes. “A 3R faz esses reajustes semanais, então os postos, em alguns deles se absorve e em outros não, é muito dinâmico. Depende do estoque de cada posto e das vendas. Se o movimento está fraco e as vendas baixas, o revendedor acaba absorvendo esse reajuste para poder segurar e conseguir melhorar”, explica.
Em relação aos preços dos combustíveis no Rio Grande do Norte, a 3R Petroleum disse em nota que necessita importar gasolina, de forma a não desabastecer os postos do Estado, uma vez que a Refinaria Clara Camarão não detém capacidade para produzi-lo. “Assim, a Companhia o adquire no mercado ao preço de referência internacional, que é sensível a flutuações do dólar, a variações do Brent e a custos logísticos incidentes até a chegada do produto aos postos. Portanto, o preço encontrado pelo consumidor nas bombas reflete toda uma cadeia de produção inescapavelmente conectada às cadeias globais de valor em que a Companhia está inserida”, informou à TRIBUNA DO NORTE.
Motoristas e condutores dizem que têm buscado alternativas e o máximo possível de promoções visando economizar na hora de abastecer. Neste sentido, vários postos em Natal e no interior, por exemplo, promovem descontos para usuários com cadastros, pagamentos no Pix ou à vista, entre outras ações, como aplicativos de acúmulo de pontos e cashback.Mesmo com essas possibilidades, os consumidores constatam que os preços seguem em alta. “Estou rodando no etanol, fiz uma matemática minha e vi que compensava mais para meu caso, já que rodo 250km por dia. Em relação ao GNV, para mim, está equiparado. Gasolina coloco uma vez ou outra, pois o valor está alto. O preço está muito acima e para gente que depende do combustível está ficando quase inviável trabalhar”, aponta José Adriel, 32 anos. Ele estima precisar fazer, diariamente, cerca de 50km a mais para poder “bater a meta”.
Por Tribuna do Norte