A comissão mista destinada a acompanhar a situação fiscal e a execução orçamentária e financeira das medidas relacionadas ao combate da covid-19 pode votar hoje requerimentos que pedem o esclarecimento da suspensão, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), dos estudos clínicos da vacina Coronavac, conduzidos pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech.
Os testes foram suspensos após a morte de um dos voluntários. O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, reafirmou, nesta terça-feira (10), que não há relação entre a vacina e a morte do voluntário. “O evento adverso grave, observado em um voluntário, não tem relação com a vacina. Não podemos dar detalhes a vocês, porque isso envolve sigilo. Tem aí todo um aspecto ético que nos impede de dar as características do voluntário – ou da voluntária. Eu afirmo a vocês que esses dados estão todos em mãos da Anvisa”, explicou Covas.
O diretor-presidente da agência, Antonio Barra Torres, no entanto, negou ter recebido qualquer relatório claro e preciso. Ele informou que a legislação obriga a interrupção da vacinação em novos voluntários em caso de “evento adverso grave indeterminado”.
“A decisão tomada foi para proteger, entre outras pessoas, os senhores e as senhoras. E nós também. Depois de saber da ocorrência desse evento e, sem maiores detalhes, seria uma total irresponsabilidade, beirando a prática criminosa”, declarou Barra Torres em entrevista coletiva, nesta terça-feira.
O gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes, acrescentou que a agência está em contato com outras agências reguladoras e que a suspensão seguiu procedimentos técnicos, baseados em discussões científicas internacionais.
“Nós estamos seguindo ritos para a aprovação da vacina, que vai ser aprovada segundo critérios rígidos de segurança, qualidade e eficácia. Essa desconfiança da vacina, que faz parte de um movimento antivacina, que vem surgindo já há alguns anos e é internacional, é um desserviço para a saúde pública, principalmente porque a gente sabe que vacina não é tratamento. Vacina é uma estratégia de saúde pública”, defendeu Gustavo Mendes.
Três requerimentos estão na pauta da reunião da comissão mista, convocada para as 10 horas. Todos convidam o diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas, a prestar esclarecimentos sobre a suspensão dos estudos clínicos sobre a vacina Coronavac. Os pedidos são de autoria dos senadores Rogério Carvalho (PT-SE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Confúcio Moura (MDB-TO).
Com informações da Agência Câmara de Notícias