As escolas do Rio Grande do Norte tiveram um desempenho abaixo da média no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica 2023. Contudo, algumas delas conseguiram boas notas na avaliação do Ministério da Educação. Entre as melhores notas do Estado no Ideb, dois pilares são considerados essenciais para a construção de uma boa base de aprendizado: apostar em atividades no contraturno, e o comprometimento conjunto de professores, alunos e família. Esse foi o caminho percorrido por três escolas do RN: a Escola Municipal Francisco Quinino de Medeiros, a Escola Municipal Felix Antônio e os Centros Educacionais de Ensino Profissional (CEEP) Professor João Faustino Ferreira Neto e Professora Lourdinha Guerra.
Entre todas as notas do Rio Grande do Norte, a Escola Municipal Francisco Quinino de Medeiros lidera com 7,6 no Ensino Fundamental Anos Iniciais. A unidade fica localizada em Ipueira, a segunda menor cidade do estado em quantidade de habitantes, com apenas 2.035 pessoas, de acordo com o Censo 2022 divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo Dione Lima, secretária de Educação de Ipueira, a acomodação de 130 alunos no nível Anos Iniciais da unidade favorece a administração e vigilância educacional. “A gente consegue ter um controle maior das atividades, um acompanhamento do aluno de forma mais individualizada. É um comprometimento da equipe que vai desde a pessoa que abre o portão até a equipe pedagógica”, explica. Esse, no entanto, não é o único motivo apontado por Dione.
Um grande trunfo para a nota do Ideb está relacionado às atividades de recomposição de aprendizado e atividades individualizadas, que focam nas áreas que necessitam de um acompanhamento mais preciso, realizadas no contraturno das aulas. “A escola nunca deixou de realizar o seu papel de colocar a mão na massa para que o aluno tenha uma aprendizagem para o sucesso”, afirma.
O mesmo é relatado por Irani Cunha, secretária de educação de Alto do Rodrigues. A Escola Municipal Felix Antônio, na zona rural do município, recebeu a melhor nota do Ideb do Rio Grande do Norte no Fundamental Ano Finais com 5,8, contando com apenas cerca de 90 alunos. O resultado foi empatado com a Escola Municipal Rotary, de Mossoró.
Para Irani, uma das razões para o desempenho positivo da Felix Antônio no Ideb está nas aulas de reforço que são ofertadas para a comunidade escolar, nas áreas essenciais de Língua Portuguesa e Matemática. Apesar de ser opcional, a secretária relata que existe uma grande adesão dos alunos.
“No decorrer dos anos, nas proximidades do Ideb, também são feitos muitos simulados, correções em sala de aula, preparando os alunos com um cuidado diferenciado. Mostramos a importância deles se dedicarem a dar uma boa nota para a escola em que eles estudam”, afirma.
Alto do Rodrigues também recebeu a 3ª melhor nota no Fundamental Anos Iniciais, com 7,1 pela Escola Municipal Chapeuzinho Vermelho. De acordo com Irani Cunha, mais de 30% do orçamento do município é investido em Educação.
Já no Ensino Médio, o cenário das melhores notas está concentrado na região metropolitana de Natal, com unidades de ensino integral. Juntos, os Centros Educacionais de Ensino Profissional (CEEP) Professor João Faustino Ferreira Neto, em Natal, e a Professora Lourdinha Guerra, em Parnamirim, empataram na 1ª colocação com 5,2. Em cada uma das unidades são concentradas 12 turmas, totalizando aproximadamente 400 alunos.
Raphael Bender, diretor do CEEP Professora Lourdinha Guerra, explica que a metodologia do ensino técnico em tempo integral é crucial para essa avaliação positiva no Rio Grande do Norte. “É uma equipe muito rica. É um ambiente que você vai encontrar em poucas escolas. As escolas técnicas profissionalizantes têm um ensino a mais, que de certa forma ajuda na educação básica”, afirma.
Esse foi o caso de Ana Beatriz, aluna da 2ª série, que afirma que a ida para o CEEP Professora Lourdinha Guerra foi um divisor de águas para a sua educação. Antes de ingressar na unidade, ela passou pela Escola Municipal Doutor Sadi Mendes e chegou ao CEEP com grandes desnivelamentos em disciplinas, que foram rapidamente acolhidos e sanados pela equipe de professores.
“A gente tem mais tempo com os professores, conseguimos socializar melhor com eles, tirar as nossas dúvidas e dificuldades, em comparação às unidades de meio período que têm uma carga horária menor. Então a gente tem mais tempo de estudo”, avalia Ana Beatriz, considerando o ensino integral como um ponto de impacto positivo.
A aluna também faz parte dos mais de 50% dos discentes do CEEP que são favorecidos através do Programa Pé-de-Meia, do Governo Federal. Para ela, esse benefício é essencial na manutenção do aluno dentro da Escola. “Antes [o orçamento familiar] era bem mais apertado. Agora consegui investir em um celular melhor para as minhas atividades virtuais, como acessar a plataforma de ensino do Estado”, afirma Ana Beatriza.