“Com quem você vai deixar seu filho?”
De acordo com os números da Pnad Contínua, a população ocupada feminina sofreu uma redução de mais de 4 milhões de pessoas entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano. “A covid-19 é um acelerador desse processo.
A pandemia traz algumas exigências que fazem aumentar o trabalho de cuidado e afazeres majoritariamente exercidos por mulheres”, afirma Lúcia Garcia, economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). “Isso torna cada vez mais incompatível a busca e atuação no trabalho remunerado, que é o que a sociedade valoriza.”
A desigualdade de gênero e a discriminação ocorrem, diz a economista, quando um empregador ou chefe fazem questionamentos sobre a responsabilidade pelos filhos, como os feitos a Nathália, e optam pela candidata com mais disponibilidade de horário.
“Estamos vendo o mundo das mulheres piorar há muito tempo e a crise provocada pela covid-19 foi o estopim”, afirma. “Elas migram para o mundo dos trabalhos de cuidados e aquelas que permanecem nesse universo têm mais chances de ficar desempregadas.”