O volume de etanol importado pelo Brasil permanece muito baixo e a isenção de imposto para a importação do biocombustível anunciada na segunda-feira (21) pelo governo deve ter pouco ou nenhum impacto no mercado doméstico e no preço da gasolina para os consumidores, alertam especialistas.
Levantamento da consultoria Tendências, a partir de dados da Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP), mostra que as importações de etanol anidro (utilizado na composição da gasolina no Brasil) representaram em 2021 apenas 4,07% das vendas totais do combustível no país. Em janeiro (último dado oficial disponível), a participação foi de apenas 2,55%.
Já a participação das importações de etanol hidratado (usado diretamente para abastecer os carros) é irrisória: 0,001% na média de 2021 e de 0,03% em janeiro de 2022.
No anúncio da isenção da tarifa, o Ministério da Economia estimou que a redução da tarifa do etanol importado – de 18% para zero – pode baratear a gasolina nas bombas de combustível em até R$ 0,20 por litro. O impacto na gasolina se daria porque o combustível, na sua mistura atual, tem 27% de álcool anidro.
Os analistas avaliam, porém, que a medida deve representar pouco ou quase nenhum estímulo para as importações, uma vez que o etanol de milho dos EUA (principal produto importado) ficou mais caro em meio à disparada dos preços das commodities no mercado internacional após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
“O preço do milho no mercado externo está muito caro, então importar o etanol dos EUA não tem como ser mais barato. Um estímulo à importação seria se os preços lá fora estivessem menores, mas isso não vai acontecer esse ano por conta dessa questão do milho e da guerra na Ucrânia”, afirma Gabriela Faria, economista da Tendências.